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A Rede Palestina-Global de Saúde Mental e suas contrapartes internacionais abraçam o cessar-fogo acordado em 15 de janeiro de 2025, com corações pesados e esperançosos.
Em Gaza, em meio aos escombros e perdas inimagináveis, nosso povo está em festa. Sua alegria é um testemunho do espírito indomável de sobrevivência e esperança. No entanto, sabemos muito bem que este cessar-fogo, como os anteriores, é frágil. As repetidas violações de acordos passados por Israel nos deixam cautelosos e, mesmo que os bombardeios cessem, o cerco permanece — um bloqueio sufocante que nega aos palestinos os meios mais básicos para reconstruir suas vidas. Lembramos a declaração do Dr. Ghassan Abu Sittah de que mesmo após o cessar-fogo, "Israel e os governos ocidentais tentarão continuar o genocídio. A destruição do físico, biológico e social em Gaza criou uma biosfera capaz de autossustentar o apagamento genocida por meio de doenças e ferimentos."
Ao testemunharmos este momento de alívio, lamentamos profundamente pelos mártires. Suas vidas — 80 martirizados ontem, 15 de janeiro de 2025, jornalistas assassinados por sua bravura e inúmeros outros apagados pela carnificina — são lembretes gritantes de um genocídio implacável. O mundo deve entender: este genocídio não começou em 7 de outubro de 2023. Por mais de um século, os palestinos foram submetidos a um sistema implacável de apagamento.
É um genocídio que busca obliterar a memória, enquanto Israel pratica o memoricídio, reescrevendo a história para negar nossa existência. É um genocídio que busca aniquilar nosso presente, com bombardeios, prisões e uma estratégia deliberada para tornar a vida insuportável. E o mais doloroso: é um genocídio que tem como alvo nosso futuro — nossas crianças.
Os depoimentos de médicos que retornam de Gaza estão gravados em nossas mentes: crianças baleadas na cabeça e no peito, evidência nítida de uma política de atirar para matar. Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, o assassinato de crianças palestinas triplicou. O Knesset até aprovou leis condenando crianças de até 12 anos à prisão perpétua. Esses não são incidentes isolados; são atos calculados de brutalidade. As crianças palestinas continuam sendo as únicas crianças no mundo sujeitas a processos em tribunais militares — roubadas de sua inocência, seus direitos e seu futuro.
A violência não se limita a Gaza. Em toda a Palestina — na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental — os colonos aterrorizam nossas comunidades diariamente, encorajados por um sistema que os protege da responsabilização. O cerco de Gaza, o roubo de terras, a destruição de lares, o ataque a crianças — tudo isso faz parte da mesma máquina de opressão, projetada para apagar nosso povo da história, de suas terras e da própria existência.
Aos nossos apoiadores e a todos que defendem a justiça e a humanidade, pedimos que tomem uma atitude. Continuem levantando suas vozes por um embargo de armas a Israel. Continuem apoiando o apelo da sociedade civil palestina por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). Junte-se à campanha No Child A Target e ajude-nos a atingir um milhão de assinaturas em nossa petição. Mais de meio milhão de pessoas já assinaram — some sua voz para exigir o fim da violência contra crianças palestinas.
Também encorajamos vocês a escreverem aos seus representantes políticos. Deixe-os saber que o mundo está assistindo e não ficaremos em silêncio.
As crianças palestinas merecem crescer com risos em vez de lágrimas, com sonhos em vez de pesadelos, com liberdade em vez de medo. Elas merecem um futuro. Devemos isso a elas, aos mártires e às gerações que ainda virão, lutar por justiça, por responsabilização e por libertação.
Vamos honrar aqueles que perdemos, exigindo um mundo melhor para aqueles que permanecem. Vamos ficar juntos, inabaláveis e inflexíveis, na luta pela liberdade palestina.
Assinado,
The Palestine Mental Health Networks
A Rede Brasil-Palestina de Saúde Mental (Brasil Palestine Mental Health Network) compõe a rede global acima referida e endossa o conteúdo desta manifestação.